Após um longo domínio do minimalismo e do chamado quiet luxury, a moda volta a abrir espaço para o maximalismo — uma estética marcada por exagero, sobreposições, brilhos, cores intensas e liberdade criativa. Nas ruas e nas passarelas, os visuais mais carregados ganham força como uma resposta direta à contenção dos últimos anos. Para a consultora de moda Adriana Verbicario, esse movimento é mais do que uma tendência: é um reflexo cultural. “O maximalismo surge quando há uma necessidade coletiva de extravasar. Ele é reação e ruptura ao mesmo tempo.”
Essa virada estética não é inédita. Historicamente, o maximalismo retorna em momentos de crise ou transformação social, com inspirações no Barroco, Rococó e Art Déco, e mais recentemente no glam rock, na psicodelia e no disco das décadas de 60, 70 e 80. Segundo Adriana Verbicario, esses ciclos mostram como a moda alterna entre contenção e expressão ao longo do tempo. “O vestuário sempre foi um termômetro social. Quando o mundo parece instável, as roupas ganham volume, brilho e voz.”
Nos anos 2000, vimos a explosão da logomania e dos visuais saturados, marcando uma fase maximalista forte, especialmente nas grandes capitais da moda. Após a pandemia, o dopamine dressing ensaiou esse retorno com cores vibrantes e looks ousados, mas foi logo abafado pelo apelo do minimalismo silencioso. Agora, essa nova onda maximalista chega com mais fôlego, abraçando o exagero com propósito. Adriana Verbicario, que é conhecida por acompanhar de perto as reviravoltas estéticas do mercado, destaca que “exagerar, hoje, é uma forma de recuperar a autonomia do vestir”.
O maximalismo atual não se limita à extravagância visual — ele representa uma afirmação de identidade. Combinar estampas, misturar texturas e usar acessórios em excesso não é apenas estilo, mas uma forma de posicionamento. Para Adriana Verbicario, o que vemos nas passarelas é um convite à ousadia cotidiana: “As pessoas estão buscando maneiras de se destacar, se afirmar e recuperar o prazer de se vestir sem regras rígidas”.
A adesão crescente nas redes sociais, especialmente por criadores de conteúdo que apostam em composições ousadas e expressivas, reforça esse movimento como uma linguagem estética com forte apelo geracional. Segundo Adriana Verbicario, o maximalismo permite que cada pessoa conte uma história através do look — e isso ressoa fortemente em tempos de hiperconexão e autoimagem.
No fim das contas, o maximalismo não é apenas sobre mais volume, mais brilho ou mais camadas. É sobre mais liberdade. Ele traduz, na moda, o desejo de viver com intensidade em um mundo cada vez mais complexo.